Voltei

E pretendo continuar . Sou a mesma e também não sou . Ninguém se banha no mesmo rio , por duas vezes . Não sei como farei as postagens , no que se refere à frequência , mas a qualidade vai ser de primeira . Algumas coisas mudaram muito , muitas vezes , durante esse longo afastamento . Acho que eu estava querendo me manter longe de mim mesma , queria um afastamento , uma perspectiva e ajuda , muita ajuda . Está dando certo . Posso garantir ! 😉

BOM SENSO , FLORA FIGUEIREDO

Caio Fernando Abreu
Hoje não vou,
que é dia ruim de decisão:
o ninho apareceu cheio de ovos,
o vaso me presenteou com botões novos,
a lua fez alongamentos verdes  sobre o mar.
Dia de emoção não é dia de ir.
Quem sabe amanhã amanhece chovendo
e eu fico matemática.
Flora Figueiredo
In Chão de Vento

GORJEIOS , MANOEL DE BARROS

Francisco Borges Neto

Gorjeio é mais bonito do que canto porque nele se
inclui a sedução.
É quando a pássara está enamorada que ela gorjeia.
Ela se enfeita e bota novos meneios na voz.
Seria como perfumar-se a moça para ver o namorado.
É por isso que as árvores ficam loucas se estão gorjeadas.
É por isso que as árvores deliram.
Sob o efeito da sedução da pássara as árvores deliram.
E se orgulham de terem sido escolhidas para o concerto.
As flores dessas árvores depois nascerão mais perfumadas.

Manoel de Barros
In Poesia Completa

CAIO FERNANDO ABREU

 

As Melhores Frases de Caio Fernando Abreu

“Vai passar, tu sabes que vai passar.
Talvez não amanhã, mas dentro de
uma semana, um mês ou dois, quem
sabe? O verão está aí, haverá sol
quase todos os dias, e sempre resta
essa coisa chamada “impulso vital”.
Pois esse impulso às vezes cruel,
porque permite que a dor insista
por muito tempo, te empurrará
quem sabe para o sol, para o mar,
para uma nova estrada qualquer e,
de repente, no meio de uma frase
ou de um movimento te surpreenderás
pensando algo assim como “estou
contente outra vez”.

Caio Fernando Abreu

VERSOS SENCILLOS , JOSÉ MARTÍ

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”Versos Sencillos”

Yo soy un hombre sincero
Yo sé de Egipto y Nigricia,
Odio la máscara y vicio
Yo visitaré anhelante
Si ves un monte de espumas,
Si quieren que de este mundo
Para Aragón, en España,
Yo tengo un amigo muerto
Quiero, a la sombra de un ala,
El alma trémula y sola
Yo tengo un paje muy fiel
En el bote iba remando
Por donde abunda la malva
Yo no puedo olvidar nunca
Vino el médico amarillo
En el alféizar calado
Es rubia: el cabello suelto
El alfiler de Eva loca
Por tus ojos encendidos
Mi amor del aire se azora;
Ayer la vi en el salón
Estoy en el baile extraño
Yo quiero salir del mundo
Sé de un pintor atrevido
Yo pienso, cuando me alegro
Yo que vivo, aunque me he muerto,
El enemigo brutal
Por la tumba del cortijo
La imagen del rey, por ley,
El rayo surca, sangriento,
Para modelo de un dios
En el negro callejón
De mi desdicha espantosa
¡Penas! ¿Quién osa decir
¿Qué importa que tu puñal
Ya sé: de carne se puede
Aquí está el pecho, mujer,
¿Del tirano? Del tirano
Cultivo una rosa blanca,
Pinta mi amigo el pintor
Cuando me vino el honor
En el extraño bazar
Mucho, señora, daría
Tiene el leopardo un abrigo
Sueño con claustros de mármol
Vierte, corazón, tu pena

José Martí
Versos Sencillos
Poesía XXXIX

Cultivo una rosa blanca,
En julio como en enero,
Para el amigo sincero
Que me da su mano franca.

Y para el cruel que me arranca
El corazón con que vivo
Cardo ni oruga cultivo:
Cultivo la rosa blanca.

José Martí

Stevenson vivía en él, Roberto Bolaño by calledelorco

A última hora Morini decidió no viajar. Su salud quebrantada, dijo, se lo impedía. Marcel Schwob, que tenía una salud igual de frágil, en 1901, había emprendido un viaje en peores condiciones para visitar la tumba de Stevenson en una isla del Pacífico. El viaje de Schwob fue de muchos días de duración, primero en el Ville de La Ciotat, después en el Polynésienne y después en el Manapouri. En enero de 1902 enfermó de pulmonía y estuvo a punto de morir. Schwob viajó con su criado, un chino llamado Ting, el cual se mareaba a la primera ocasión. O tal vez se mareaba si hacía mala mar. En cualquier caso el viaje estuvo plagado de mala mar y de mareos. En una ocasión Schwob, acostado en su camarote, sintiéndose morir, notó que alguien se acostaba a su lado. Al volverse para ver quién era el intruso descubrió a su sirviente oriental, cuya piel estaba verde como una lechuga. Tal vez sólo en ese momento se dio cuenta de la empresa en la que estaba metido. Cuando llegó, al cabo de muchas penalidades, a Samoa, no visitó la tumba de Stevenson. Por un lado se encontraba demasiado enfermo y, por otro lado, ¿para qué visitar la tumba de alguien que ha muerto? Stevenson, y esta revelación simple se la debía al viaje, vivía en él.

Roberto Bolaño
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Imagen: Robert Louis Stevenson en su casa de Vailima, Samoa

‘VENCE QUEM PASSA POR ESSA VIDA RINDO. E SE O PREÇO A PAGAR POR SER UM POUCO FELIZ É SER UM POUCO IDIOTA, DANE-SE’ , POR LARA BRENNER VIA REVISTA BULA

A não ser que o trem saia dos trilhos mais cedo, amigo, você terá que passar pela vida, por esta vertigem, este sopro desenfreado, esta roda imprevisível.

Esse percurso será revestido de sua cara, marca e assinatura. Ao fim, restará um rastro nos que ficam, nas coisas tocadas, no vento que carrega as palavras ditas e no peso do silêncio das que não foram.

O caminho é seu. Ele pode ser insosso, obrigatório, arrastado, preto e branco, só preto, só branco e você, só um passante. Ou pode ser intenso, colorido e você, o melhor dos hedonistas modernos.

Embora a tendência do homem seja esperar por grandes milagres ou mudanças estrondosas, a maior parte das alegrias advêm de momentos simples, que preenchem o cotidiano a espalhar leveza e prazer: uma música, um filme, uma palavra, um livro, um diálogo, um abraço, um doce e tantas coisas miúdas que, de tanto existirem, muitas vezes passam batidas.

Uma música pode-se apenas ouvir e deixar passar, mas pode ser visceral também. Essa variação depende apenas de quem a ouve, pois que ela será o mesmo conjunto de notas para todo e sempre. Um trabalho pode ser um trabalho, os dias, apenas dias, os passos, apenas passos. Mas tudo pode convergir numa sinfonia fluida, se houver permissão para que seja o caminho desenhado.

Por isso, esteja presente em si mesmo enquanto vive. Não sobrevoe o presente a sonhar com o futuro, corroer o passado, ou entregar-se a lamentações pela vida que não tem. Mas, pior, não se torne mais um zumbi vagando adormecido sem nada sentir, compondo um grande saco desalmado de carne e ossos imprestáveis. Você já está aqui, faça direito.

Por mais óbvio que possa parecer, tudo o que se tem agora é o AGORA. Esteja presente com a alma rendida e entregue, com profundidade e consciência da vida que permeia seu sangue, do milagre que é viver cada segundo. Esteja onde você está.

Então, não tome um vinho, TOME O VINHO. Não trabalhe, TRABALHE. Não ouça uma música, OUÇA A MÚSICA. Várias vezes, cem vezes até que aquilo o arranque da dormência e faça nascer um sorriso de orelha a orelha apenas por estar vivo.

Se algo der errado, apenas pense que da crise literalmente nasce a ruptura, a decisão. Abrace a raiva e a frustração com a mesma intensidade de todo o resto. Apenas dê a esses sentimentos um lugar passageiro, no qual só sobre espaço para a “krisis”, a oportunidade de bem decidir. Os gregos sabiam o que diziam.

É isso, amigo, para ser grande, é preciso ser inteiro. Pôr quanto se é no mínimo que se faz e carpe diem.

*Título tomado de empréstimo de Tati Bernardi.

A Flor e o Espinho

 

Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor
Eu so errei quando juntei minh’alma a sua
O sol não pode viver perto da lua
Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor
Eu so errei quando juntei minh’alma a sua
O sol não pode viver perto da lua
É no espelho que eu vejo a minha magoa
A minha dor e os meus olhos rasos d’agua
Eu na sua vida já fui uma flor
Hoje sou espinho em seu amor

Eu so errei quando juntei minh’alma a sua
O sol não pode viver perto da lua

Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
Que eu quero passar com a minha dor